O sol rachou a calçada outra vez,
Mas não há sombra pra fugir do que eu sou.
O tempo enrola-se num fio de véu,
Enquanto penso no verso que nunca escrevi
Será que um dia escreverei ou pararei de sentir?

(...e se o abismo soprasse de volta?)

Eu não caio, eu danço na borda do círculo!
O fogo que me consome é o mesmo que me vê.
Não há pecado, não há perdão,
Só este salto—eterno, deserto, meu.

Venderam o silêncio em forma de luz,
Prostituíram a lucidez e tudo que condiz e conduz
Mas eu guardo a noite sob a língua.
Minha voz? Uma onça ferida
Um esturro contra o pseudo dono
Que chora contra o laço noturno
Que esconde tudo que faz sentido na escuridão outra vez

Eu não caio, eu danço na borda do círculo!
O fogo que me consome é o mesmo que me vê.
Não há pecado, não há perdão,
Só este salto—eterno, deserto, meu.

"Quem cavalgou o relâmpago voltou com as mãos vazias..."
"O deserto cresce... ai de quem abriga desertos mais de uma vez!"